A
incômoda sensação que te dar de vez em quando de que tu não faz
parte de nada, não cabe, não se adéqua, é colorido demais, ou
opaco demais, perdido, grande, pequeno, e se espreme e se contorce e
não adianta, tu não cabe em nenhum lugar. E fica lá sentado na
calçada do lado de fora, porque existe lugares que somos nós mesmos
que temos que abrir a porta para entrarmos, mas tu não abre, porque
sabe que não cabe...ou pensa não caber.
E
aí tu te defronta com a opção de cortar uma perna, ou um braço,
mas poxa vida tu gosta o bastante das pernas e braços pra fazer
questão que eles continuem lá, onde realmente devem estar, e aí te
resta cortar a cabeça. Mas vou ser franca, acho que tudo tem um
limite e cortar a cabeça é demais, na minha opinião ninguém
deveria cortar nem as unhas se não achar adequado pra se fazer
adequar em um quadrado. Malditos quadrados.
Aí
tu vai ficando aí, do lado de fora, e o lado de fora vai ficando
difícil, e abrir alguma porta mesmo que é bom nada, tu vê que tem
gente que entra e sai...como se fosse fácil toda essa movimentação.
E tu lá na calçada, cansando dessa situação toda, sem previsão
de diminuir ou engrandecer, ou descolorir ou brilhar o suficiente pra
entrar em um desses quadrados.
Então
tu simplesmente cansa, e fecha os olhos pra dar uma relaxada, e vai
acalmando e dormindo...dormindo pra vida mesmo sabe? E quando acorda,
com a cabeça descansada, tu olha em volta e percebe o quão banana
tu foi, porque os quadrados quem construiu foi tu mesmo, e quem
aumentou os muros deles foi tu mesmo, e quem os fez inentraveis
foi tu mesmo! Caramba. Que bobagem é essa de tamanho adequado e
coloração adequada que tu usa pra se colocar de fora de um lugar
que nem porta tem, vê lá, o mundo não tem portas, e nem quadrados,
foi tu quem criou. Nunca mais faça isso, não se coloque a parte de
mundo algum, é a nova lei.
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